sexta-feira, setembro 09, 2011

Análise de artigo quanto aos aspectos estatísticos

WOLZ, A; FRITZSCH, J; PENCÁKOVÁ, J. Structural social capital and economic performance: Findings of empirical farm data in the Czech Republic. 46 Annual Meeting of the Germain Association of Agricultural Economists (Gewisola) in Giessen, 4-6. October, 2006.

Na Alemanha Oriental, Hungria, Eslováquia e na República Tcheca a produção agrícola é dominada pelas grandes fazendas. Pode se observar nestes países uma dualidade, de um lado há as fazendas particulares e por outro as grandes fazendas corporativas. Em ambos os grupos há aquelas que são mais produtivas do que outras. Muitos fatores podem influenciar:
Sistema de financiamento rural pouco desenvolvido e a precária reestruturação das fazendas levam a um acesso limitado aos financiamentos devido a falta de lucratividade, problemas colaterais, riscos e incertezas. Similarmente, o setor agrícola tem sido caracterizado pela fraca estrutura de capital humano para gerenciamento das fazendas particulares, pelas rápidas mudanças na política agrícola e pela estrutura legal incompleta. Tem sido argumentado que o baixo nível de capital social tem conduzido a um baixo desempenho econômico. O foco da análise será verificar se o capital social constitui um fator adicional para o crescimento do bem-estar econômico.
Capital social pode ser definido como uma rede de relacionamentos de negócios, normas e crenças que facilitam o partilhamento de informações, tomada de decisões e ações coletivas. Incentivos, custos, lucros esperados são discutidos como temas centrais que motivam as pessoas a cooperarem. A hipótese básica referente ao impacto do capital social assume que o bem-estar dentro do grupo geralmente será aumentado, tendo como senso de os ganhos coletivos compensam as perdas em grupo.
Capital social consiste numa rede de relacionamentos informal e organizações formais usadas por pessoas e produtores para produzir bens e serviços para seu próprio consumo, troca ou venda.
Na análise pode ser usado um limitado campo de indicadores, e concentrados nos membros da organização formal.
Assume que os membros nas organizações podem aumentar o desempenho econômico. A hipótese é de que o bem-estar econômico dos produtores agrícolas, no mínimo em alguma extensão, será determinado pela sua afiliação em determinado grupo.
A amostra inclui 42 fazendas corporativas e 20 particulares, os dados são de 2002. Dez variáveis foram colocadas em seis categorias (trabalho, terra, capital, capital social, padrão legal e produtividade) analisando sua influencia no desempenho econômico. Como variável dependente foi usada a produção agrícola.
As variáveis foram mensuradas da seguinte forma:
Trabalho: foi mensurado como a soma da jornada de trabalho total anual calculada pelo número total de força de trabalho multiplicado por 2.000 horas no caso de trabalhadores em tempo integral e 1.000 no caso de trabalhadores em regime parcial. A média ficou em 148.000 horas para fazendas corporativas e 4.000 horas para fazendas particulares.
Terra: mensurou-se toda área utilizada pelas fazendas. As fazendas corporativas tiveram uma média de 1.723,5 há, enquanto que as fazendas particulares ficaram com uma média de 112 há.
Capital: foi mensurado através do valor anual de depreciação do capital fixo das fazendas.
Produtividade: Foi utilizado como proxy a colheita média de cereais. Sendo que a média para as fazendas corporativas ficou em 3,5 ton/há e em 3.8ton/há para as particulares. A diferença não se mostrou estatisticamente significante (Mann-Whitney-Test).
Capital social: A análise ficou restrita à forma estrutural, dessa forma cinco variáveis puderam ser analisadas. Com respeito as organizações formais, quatro diferentes tipos puderam ser analisadas: a) A câmara de Agricultura; b) organizações de lobbyng política; c) organizações profissionais; e d) Organizações de marketing. A pesquisa mostrou que as duas formas legal de fazendas tem se afiliado as estas organizações formais, sendo que as fazendas corporativas se associam em maior grau.
Os estudos se concentraram mais nos canais de marketing como uma boa proxy de indicação da habilidade dos gerentes de construir suas redes de relacionamentos promovendo melhora na situação econômica. Os dois canais de marketing estudados foram: 1) que trabalhava em conjunto através de membros voluntários e; 2) demais formas de marketing isolado. O canal de marketing 1 é o que mais se aproximava como proxy para o alto nível da capital social. A escolha do canal pelas fazendas não foram significativas estatisticamente ((Mann-Whitney-Test).
Forma legal: Foram incluídas tanto as fazendas corporativas (42) como as fazendas particulares (20) que responderam ao questionário. Para a análise de regressão as fazendas corporativas serão identificadas com 0 e as particulares com 1.
Desempenho Econômico: Foi utilizada a renda bruta das fazendas calculada pelo produto total.

Análise fatorial
O foco do artigo foi testar a influência de capital social na renda bruta agrícola como indicador de desempenho. Através da análise dos componentes principais com rotação Varimax e normalização Kaizer, quatro fatores puderam ser extraídos do conjunto de nove variáveis, explicando 79,2% do total de variância nas variáveis incluídas. Somente fatores com um autovalor maior do que 1 são usados na análise adicional.
Pela tabela 1 chega-se a conclusão que o fator 1 mostra as três variáveis que descrevem a função de produção clássica indicando os fatores terra, trabalho e capital. Dois fatores indicam aspectos parciais do capital social através dos canais de marketing.
A análise demonstrou que o tamanho da amostra não está relacionada com a afiliação em organizações formais, e portanto com um alto nível de capital social.
Como um passo final o escores fatoriais para os quatro fatores independentes foram computados para substituir as nove variáveis no modelo de regressão múltipla para testar se os dois fatores que representam o capital social tem efeitos significante sobre a renda agrícola bruta.

Análise de regressão múltipla
Foi introduzida uma variável dummy para representar a forma legal das fazendas. Os resultados mostraram a mensuração da determinação em 0,52, o que indica que o modelo explica um pouco mais da metade da variabilidade na renda agrícola bruta. Além disso demonstrou que as variáveis terra, trabalho e capital são significativas, bem como a produtividade. Já a forma legal não mostrou influência significante na renda agrícola bruta, não sendo possível concluir se as fazendas particulares são mais ou menos eficientes que as fazendas corporativas.
Por fim, conclui-se que o capital social representado pelo canal de marketing que trabalhava em conjunto através de membros voluntários tem impacto significante no desempenho econômico das fazendas.

No geral o artigo procurou demonstrar a importância do capital social para o desempenho econômico das fazendas, pode-se dizer que obtiveram sucesso nesse quesito, embora a questão de composição do capital social seja mais ampla.
Quanto à identificação do grau de importância do capital social para cada tipo de fazenda, a análise fatorial não se mostrou suficiente para indicar o caminho, embora tenha mostrado as variáveis de forma correta quanto à função de produção.

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