sexta-feira, julho 08, 2011

Como as organizações devem ser uma vez que as mudanças são constituições da realidade?

A chave para entender a mudança como processo em andamento é prestar atenção no caráter transformacional da ação humana ordinária.
A mudança não deve ser pensada como uma propriedade da organização. Mas a organização deve ser entendida como uma propriedade emergente da mudança.
Enquanto a organização objetiva a retenção da mudança, ela também é o resultado de tal mudança.
O volume de pesquisa tem sido orientado através da providência da análise sinóptica da mudança organizacional. Do ponto de vista da análise sinóptica, as mudanças são como eventos consumados cuja chave das características e variações, e das causas antecedentes e conseqüentes, precisam ser exploradas e descritas. O conhecimento é gerado por “mudanças” aproximadas vindas de fora e tipicamente, toma forma de estágio modelo no qual a entidade que é submetida à mudança é mostrada por ter estados distintos em diferentes pontos no tempo.
Dado sua natureza sinóptica, a mudança não faz justiça aos micro processos contínuos que permeiam as trajetórias descritas, ela não é eficiente na captura das distintas características da mudança – que é fluída, insistente, contínua e indivisível.
Procura-se entender mudança pela transformação dela em uma sucessão de posições ... um objeto ocupa esta posição agora, outra posição mais tarde, e assim por diante.
Só uma percepção direta da realidade habilitará alguém a alcançar um vislumbre de suas características mais salientes – ela está em constante mudança de sua textura, ela é continuamente indivisível, é fluxo do mesmo com diferença todo tempo.
O conhecimento direto (intuição) e o conhecimento conceitual são complementares. Um fornece o que o outro não possui.
A mudança, sinopticamente explicada ex post facto é “experienciada” por praticantes como um desdobramento do processo, um fluxo de possibilidades e uma conjunção de eventos e interações contínuas ocorrendo no tempo.
As categorias cognitivas institucionalizadas são extraídas através de indivíduos-em-ação, mas no processo, generalizações estabelecidas podem ser suplementadas, corroídas, modificadas ou, em algum grau, interpretadas muitas vezes de maneira imprevisível... Isso acontece porque embora uma organização fixe uma definição de suas representações (categorias cognitivas genéricas) para determinadas finalidades, não tem o controle relativo à definição total sobre elas.
A habilidade humana de reflexividade e reinterpretação e a estrutura radial de categorias fornecem para a rede de crenças dos atores uma reconfiguração contínua.

As organizações estão em um estado de permanente transformação porque a ação situada dentro delas é inerentemente criativa.

Mudanças nas organizações costumeiramente ocorrem localmente quando certos indivíduos refletem sobre suas circunstâncias e experiências e decidem intervir para mudar as políticas e sistemas organizacionais.

TSOUKAS, H; CHIA, R. On organizational becoming: Rethinking organizational change. Organization Science,. v. 13, n. 5, p. 567-582, 2002.

Nenhum comentário: