terça-feira, janeiro 18, 2011

As organizações o ambiente e o meio-ambiente: as (in)certezas do futuro

As organizações são produto do meio ou o seu fim? O meio-ambiente vem passando por transformações resultantes da exploração desenfreada dos recursos naturais do planeta. A busca pelo lucro traz conseqüências visíveis, como aquecimento global, queimadas, enchentes dentre outras catástrofes. As organizações são atingidas por novas demandas originadas pela preocupação ambiental, que resultam em novos produtos e atitudes.
Analisar-se-á através das Teorias Organizacionais as reações das organizações dentro do panorama atual para seu fortalecimento e manutenção.
Donaldson (1998) demonstra que na escola clássica havia uma única estrutura organizacional que seria altamente efetiva para organizações de todos os tipos. Perrow (1967) ressalta que quanto mais codificado o conhecimento utilizado na organização e quanto menos exceções encontradas nas operações, mais o processo decisório poderia ser centralizado. Para Thompson (1967) as organizações tentam isolar suas principais tecnologias de produção num sistema fechado para emprestar-lhes eficiência, defendendo-as do meio ambiente. Lida-se com perturbações externas por meio de projeções, relatórios e outros mecanismos. Estudos mais recentes mostram novos enfoques sobre a organização, dentre elas a teoria da contingência descrita em Hinings (2003), a qual discute a questão organizacional levando em conta fatores como estratégia, tamanho, incerteza com relação às tarefas e tecnologia e incerteza ambiental. A teoria da contingência estrutural parte de um enfoque positivista para analisar o comportamento das organizações. Conforme Donaldson (1998), a teoria da contingência estabelece que não há uma estrutura organizacional única que seja altamente efetiva para todas as organizações. A otimização da estrutura variará de acordo como determinados fatores, tais como a estratégia da organização ou seu tamanho. Assim, a organização ótima é contingente a esses fatores, que são denominados fatores contingenciais.
A questão estrutural está relacionada com a especialização, padronização, centralização e formalização que auxiliam na produção gerencial coerente. Essas características organizacionais, por sua vez, refletem a influência do ambiente em que a organização está inserida. Assim, para ser efetiva, a organização precisa adequar sua estrutura a seus fatores contingenciais e assim ao ambiente. Para Donaldson (1998), a estrutura da organização é um conjunto recorrente de relacionamentos entre os membros da organização. Burns e Stalker (1961) destacam que quando uma organização enfrenta um ambiente estável, a estrutura mecanicista é mais efetiva; mas onde a organização enfrenta um alto grau de mudança tecnológica e de mercado, uma estrutura orgânica é necessária. Woodward (1965) defende a tecnologia como chave explicativa da estrutura organizacional. Chandler (1962) mostra que a estratégia determina a estrutura. Uma estratégia funcional ajusta-se a uma estratégia não diversificada, mas não se ajusta a uma estratégia diversificada em que uma estrutura divisional é requerida para o gerenciamento efetivo da complexidade de produtos e mercados muito diferentes.
A teoria institucional, por sua vez, demonstra que as organizações adotam estruturas e sistemas mais para ganhar legitimidade do que melhorar sua eficiência como ditado pelo senso de contingência. Para Aldrich (1979), as principais forças que as organizações devem levar em consideração são as outras organizações. As organizações não competem somente por recursos e clientes, mas por poder político e legitimação institucional, por adequação social, assim como por adequação econômica.
Segundo Selznick (1957) institucionalização é um processo. É algo contínuo na organização, refletindo a trajetória da organização, seus indivíduos, os grupos que foram criados e a forma como se adaptou ao ambiente. Institucionalizar é criar valor além dos requerimentos técnicos.
Laurence e Lorsh (1967) determinaram que a taxa de mudança ambiental afeta a diferenciação e a integração da organização. Para Donaldson (1998) a inovação ambiental leva a organização a aumentar seu grau de inovação pretendida, a qual é causa imediata da adoção de uma estrutura orgânica. Dessa forma a estrutura é causada diretamente por um fator interno e apenas indiretamente pelo ambiente. Ambos os fatores interno e externo são considerados contingenciais, mas uma afirmação mais parcimoniosa da teoria da contingência estrutural precisaria referir-se apenas ao fator interno. Portanto, muito dos fatores contingenciais da estrutura, tais como tamanho ou tecnologia, são internos à organização, ainda que reflitam o ambiente na forma de tamanho da população ou tecnologias comercialmente disponíveis. Assim, conquanto seja correto incluir fatores ambientais como contingências que moldam a estrutura, uma explicação suficiente pode ser obtida considerando-se apenas fatores internos como contingências. À medida que as organizações procuram inovar em produtos, serviços ou processos produtivos, as tarefas se tornam mais incertas.
Pfeffer e Salancik (1978) defendem que organizações dependem das condições de seu ambiente, por isso um entendimento completo sobre organizações depende do estudo da “ecologia das organizações”. Segundo Ranson, Hinings e Greenwood (1980) duas características do ambiente deve ser levado em conta na formulação da estrutura organizacional: as características socioeconômicas das infraestruturas e o ambiente institucional. Na estrutura socioeconômica devem ser considerados os aspectos físicos (ambiente geográfico e logística); econômicos (mercado, nível de emprego, tipos de indústrias e comércio; e os aspectos sociais (padrão demográfico, classe e padrão étnico). Segundo Yuchtman e Seashore (1967), Aldrich (1972) e Benson (1975) a oferta de recursos para a organização muda com o tempo, forçando uma adaptação em seus departamentos, decisões e procedimentos. Para Parsons (1953) as organizações operam em diferentes setores funcionais, sendo legitimada por valores diferenciados, exibem diferentes padrões de adaptação e são governadas por diferentes padrões de códigos e normas. Segundo Skowroneck (1982), a escolha atual e suas possibilidades dependem das restrições impostas e condicionadas por escolhas passadas. O enfoque em sistemas tende a compreender o comportamento como uma reflexão das características do sistema social contendo uma série de processos que são externos e restringem os atores. Enfatizando que cada ação advém do entendimento de cada indivíduo tem de sua ação e de outros, o conjunto de ação de referência resulta da restrição na qual o indivíduo constrói socialmente a sua realidade. O ambiente organizacional precisa ser concebido não somente como o local de oferta de recursos e processo de produção, mas também como uma fonte de entendimento para os membros das organizações (SILVERMAN, 1971).
Há uma tendência à homogeneização das organizações conforme destacam DiMaggio e Powell (2005), com destaque ao isomorfismo coercitivo, que resulta tanto de pressões informais exercidas sobre as organizações por outras organizações das quais elas dependem, e pelas expectativas culturais da sociedade em que as organizações atuam. Seguindo esta linha, Meyer e Rowan (1977) destacam que as organizações se tornam cada vez mais homogêneas dentro de determinados domínios e cada vez mais organizadas em torno de rituais de conformidade com as instituições maiores. Ao mesmo tempo as organizações estão cada vez menos determinada estruturalmente pelas restrições impostas por atividades técnicas e cada vez menos integradas por controles de resultados. Na medida que a mudança organizacional é algo não planejado e continua sendo fortemente apoiada por grupos que desejam influenciá-la, a atenção deveria ser direcionada a duas formas de poder: Conforme March e Simon (1958), a primeira é o poder de estabelecer premissas, definir normas e padrões que moldam e canalizam comportamentos. A segunda, conforme Domholf (1979), é o ponto de intervenção crítica em que as elites definem modelos apropriados de estrutura e política organizacional que permanecem inquestionados nos anos que se seguem.