segunda-feira, agosto 02, 2010

Acerca das teorias organizacionais - Complexidade que envolve a definição de organizações

As teorias disponíveis sobre organizações trazem uma miríade de definições que perpassam o entendimento de um modelo geral. A utilização de artifícios para a busca de uma definição deixa escapar a verdadeira razão de ser de um objeto. Com as organizações não é diferente, basta passar os olhos pelo texto de Townley e Marsden para entender que a tarefa não é fácil. Os autores trazem Marx para a discussão procurando mostrar que ele, juntamente com Weber são os teóricos que mais se aproximaram de uma definição em seu tempo. Enquanto Marx explicava o motivo da existência, para os autores, Weber explicava o como.
Nesse ponto os autores poderiam ter se aprofundado na leitura em Marx, que por sua vez exige uma leitura mais aprofundada nos escritos de Adam Smith, Ricardo e Malthus. Veriam que Marx parte do pressuposto da acumulação primitiva do capital para explicar as origens das organizações modernas, que a partir dessa acumulação puderam então buscar no mercado a mercadoria força de trabalho para multiplicar seu capital. A forma de organização existente na época de Marx tem a mesma meta que a organização moderna, ou aquela estudada por Weber, elas existem e se expandem baseada na exploração da força de trabalho.
Weber é citado a partir do momento que a burocracia foi entendida como uma forma de tornar os negócios mais estruturados, ou seja, a organização já estava posta.
O sistema capitalista procura expandir a forma de exploração da mão-de-obra, nesse sentido, obras como a de Fayol, Taylor, Maslow e até mesmo a forma de produção flexível adotada pós anos 1970, fazem com que sejam criados mecanismos para a sua perpetuação.
A teoria contingencial se tornou a principal aliada nesse processo. Dentro de uma visão positivista e voltada para resultados econômicos, contribuiu para a melhoria de processos e para aumento da produtividade. Qualquer outro estudo que não fizesse parte da ciência normal estava fadado à marginalização.
A preocupação com o ser humano por trás das máquinas nunca foi objeto de estudo no sentido de melhorar as condições de trabalho visando a emancipação do trabalhador, pelo menos na ciência normal, em que a preocupação era fazer com que a produção e lucro fossem crescentes. Nesse sentido os estudos se pautavam na procura de melhoras no rendimento do trabalhador, as condições de trabalho deveriam ser propícias para que ao sentir bem, houvesse um retorno quantitativo para a empresa.
A partir do livro de Braverman no início dos anos 1970 e da piora das condições alicerçadas pela política baseada no Welfare State nos anos anteriores, há um retorno aos estudos sobre o papel do trabalhador nas organizações. A teoria crítica das organizações traz à tona o debate sobre o tipo de organização existente e seu papel perante a sociedade e seus colaboradores. Os estudos atuais apontam para a mudança na relação entre trabalhadores e organizações, mudanças que não afetam o motivo da existência da organização, apenas rotulam a exploração do trabalhador agora na forma de trabalho flexível, precarização, intensificação e aumento da jornada de trabalho. Tudo isso é fruto das reestruturações e reengenharias, que aliadas à novas tecnologias trouxeram novas formas de controle e maiores responsabilidades ao trabalhador, o qual não tem sossego nem em sua vida privada, uma vez que pode ser localizado facilmente através de e-mail ou telefone celular.
As organizações persistem, embora os tempos sejam outros, o motivo continua o mesmo – a acumulação de capital.