segunda-feira, outubro 22, 2007

A situação de alienação do trabalhador e seu impacto na divisão social do trabalho, trabalho socialmente necessário e trabalho necessário.

Divisão social do trabalho siginifica a divisão de atribuições para a produção de diferentes mercadorias, quanto mais mercadorias de diferentes usos forem criadas maior é a divisão social do trabalho. As inovações proporcionadas pela tecnologia proporciona uma miríade de produtos de diversas utilidades, contribuindo dessa forma para uma maior divisão social do trabalho. A divisão social do trabalho atual proporciona o acesso a uma proporção de mercadorias bem maior do que no início do século XX. Na década de 1980 por exemplo, poucas pessoas tinham acesso a internet ou a celulares, sendo que atualmente muitas pessoas não conseguem se ver sem tais mercadorias. Quanto maiores as necessidades criadas pela mídia, maior será a divisão social do trabalho. Hoje o setor de serviços é que mais cresce no mundo, até a década de 1970 o setor que dominava era a indústria, ou seja as transformações resultantes da reestruturação produtiva proporcionaram novas mercadorias e serviços.
O trabalho socialmente necessário é um conceito relativo a quantum de trabalho. Uma mercadoria será avaliada pelo tempo de trabalho utilizado para a sua produção, uma vez que segundo a teoria do valor trabalho presente nas teorias dos economistas clássicos já demonstravam que só o trabalho cria valor. Para trocar esta mercadoria por outra é preciso levar em conta o tempo que esta mercadoria leva para ser produzida por todos que trabalham com a produção de determinada mercadoria. Nesse caso será observado que diferentes tempos de produção, enquanto um produz e determinado período, outros podem levar o dobro do tempo para produzí-la. O preço será determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário, que representa o tempo modal, isto é, o tempo que se repete mais na produção de tal mercadoria por diferentes produtores. Exemplificando, se uma mercadoria é produzida por dez trabalhadores, possuindo os seguintes tempos de produção em horas: 3; 3; 3; 4; 4; 4; 4; 5; 5; 6, pode se afirmar que o preço determinado pelo tempo de trabalho socialmente necessário será o equivalente a 4 horas de trabalho.
O conceito de trabalho necessário segundo Marx, se refere àquele tempo de trabalho utilizado para que o trabalhador, dados os meios de produção, produza o suficiente para se manter dentro das condições necessárias para viver, procriar e manter a prole.
Marx usa o termo alienação para explicar as relações entre o trabalhador livre e o capitalista. No mercado haverá trabalhadores oferecendo a sua mercadoria que é a força de trabalho, e o capitalista que quer adquirir tal mercadoria por um determinado tempo e preço. Ao fecharem negócio, o trabalhador irá alienar sua força de trabalho ao capitalista. Esta alienação será maior quanto maior for a jornada de trabalho. Por este tempo de trabalho acordado, o trabalhador irá receber um salário referente ao período de alienação da sua força de trabalho.
Quanto maior a divisão social do trabalho, maior a possibilidade do trabalhador alienar a sua força de trabalho, pois haverá mais capitalistas procurando por ele. Por outro lado, o trabalho socialmente necessário pode até diminuir, mas a alienação não terá redução devido ao fato de que o capitalista visa sempre um aumento do lucro, nesse caso haverá um aumento da produtividade sem diminuição da jornada de trabalho. O trabalhador sempre irá alienar a sua força de trabalho por um período maior do que o tempo de trabalho necessário, pois o capitalista visa a expropriação da mais-valia, para isso ele contrata o trabalhador por determinada jornada de trabalho acima do tempo de trabalho necessário. Pode se concluir que quanto maior a alienação do trabalhador, maior será a expropriação da mais-valia pelo capitalista.

A mercadoria e seu valor como componentes da fórmula geral do capital em Marx

Segundo Marx, a riqueza nada mais é que um conjunto de mercadorias. Cada mercadoria equivale a um valor criado através do trabalho, a mercadoria vale pelo trabalho cristalizado que ela contém. Uma mercadoria não possui valor de uso, apenas valor de troca. Valor de uso é característica presente no trabalho útil, um trabalho que não crie valor de uso é um trabalho inútil. Quando o trabalho empregado se destina a criar valor de uso entende-se que o produto final será consumido ou utilizado por que produziu aquele valor de uso. Se o valor criado se destina à troca, logo ele adquire valor de troca.
Nesse contexto há duas intenções para que a mercadoria seja trocada no mercado, uma delas significa que determinado trabalhador produz uma mercadoria mas não vai consumí-la, pois pretende trocá-la por outra no mercado. Marx conceitua esta forma de troca como M-D-M, em que M representa a mercadoria possuidora de valor de troca e D significa o dinheiro adquirido pela venda de tal mercadoria. Este movimento demonstra que o trabalhador fez determinada mercadoria e a vendeu no mercado por determinado preço, com o dinheiro auferido adquiriu outra mercadoria. A outra intenção para troca de mercadoria é ilustrada da seguinte forma: D-M-D, ou seja, com a posse do dinheiro, uma mercadoria é adquirida e vendida novamente. Mas qual é a vantagem em comprar determinada mercadoria e revendê-la pelo mesmo preço? Aqui que entra a explicação de Marx para o capitalismo, ele demonstra que para o capitalista a fórmula do capital é a seguinte: D-M-D’, em que D’ significa ∆ + D, sendo que ∆ é chamado de mais-valia. Marx também explica que esta mais-valia depende do valor a mais cristalizado na mercadoria, ou seja a mercadoria precisa adquirir um valor maior para que seja revendida no mercado por um preço maior. Este mais-valia tem que ser fruto do trabalho, uma vez que apenas o trabalho cria valor.