quarta-feira, agosto 30, 2006

Kalecki, Quesnais e o modelo Mundell-Fleming

O estudo da macroeconomia de Kalecki mostra uma visão diferenciada da macroeconomia keynesiana, embora as conclusões seja parecidas, o mesmo não acontece com a metodologia adotada para tal. Um dos primeiros estudos macroeconômicos foi o tableau economiqué de Quesnais, diferentemente do dois economistas supracitados, ele procurou demontrar através dos fluxos de comércio que somente a agricultura criava excedente. Sua análise partia do princípio de que a sociedade era dividida em tres classes: a classe produtiva, representada pela agricultura; a classe estéril, representada pelo comércio ( que tinha um trabalho útil, mas não criavam excedentes); e os proprietários de terra, que recebiam o "produto líquido".
O modelo Mundell-Fleming vem demonstrar o funcionamento de uma economia aberta e com governo, tanto no regime de taxas de câmbio fixas como no regime de taxas de câmbio flutuante. Este modelo demonstra a relação entre as políticas fiscais e monetárias, taxas de juros, taxa de câmbio e crescimento econômico.
Neste sentido, Kalecki também demonstra o funcionamento macreoconômico numa economia aberta e com governo, para ele o que importa aqui são os gastos dos capitalistas o nível de investimento, ou seja quanto mais os capitalistas consumirem e investirem, maior será a o seu lucro, e consequentemente a renda agregada. Kalecki não levanta a questão das taxas de juros e nem a variação do câmbio para explicar a dinâmica da economia capitalista, ele parte do princípio de que dado que o consumo dos capitalistas seja constante, o que vai fazer fazer aumentar a renda será o investimento. Há três formas descrita por Kalecki para aumentar o investimento, uma delas é através dos próprios capitalistas, que poderão aumentar seus investimentos com base em poupança própria ou através de financiamento bancário; a segunda forma é atraves do aumento do déficit governamental, que quanto maior, maior será os gastos na economia, alvancando as vendas dos capitalistas e consequentemente aumentando seus lucros; a terceira é o aumento das exportações, que resultará em um aumento de riqueza para o país e maior dinamicidade na indústria loca.
Usando o modelo Mundell-Fleming, é possivel demonstrar que o crescimento econômico pode acontecer de três formas: a primeira é através de uma política monetária expansionista com taxas de câmbio flexíveis. Nesse caso uma expansão monetária fara com que haja uma queda nas taxas de juros, provocando uma fuga de divisas e consequentemente uma desvalorização cambial, que por sua vez, resulta em aumento das exportações. A segunda é utilizar uma política fiscal expansionista combinado com um regime de taxas de câmbio fixas, nesse caso haverá um aumento na demanda por encaixes monetários, fazendo com que as taxas de juros aumentem, este aumento nas taxas de juros provocarão uma entrada de divisas estrangeiras, forçando a uma valorização cambial. Como o regime de taxas de câmbio é fixa, as autoridades monetárias deverão comprar o excesso de divisas estrangeiras colocando mais moeda local na praça, provocando uma expansão na renda. A terceira forma é a política comercial restringindo as importações dentro de um regime de taxas de câmbio fixas, a restrição às importações provocará uma pressão na taxa de câmbio no sentido de que a moeda deverá ser valorizada, nesse caso, as autoridades terão que intervir comprando o excesso de divisas, provocando uma expansão monetária e consequente aumento da renda agregada.
Quesnais defende que o comércio internacional é benéfico para o país, pois aumentará a renda nacional, ou seja, quanto mais o país exportar, maior será a utilização do excedente oriundo da agricultura. Vimos também que Kalecki demonstra que o aumento das exportações é benéfico para o país, resultando em aumento da renda agregada.

terça-feira, agosto 29, 2006

Econom(an)ia

Econom(an)ia é mania de estudar economia.
Esta mania é típica dos cientistas econômicos que estão sempre estudando os temas econômicos procurando se atualizar e se aprofundar.

terça-feira, maio 02, 2006

Kalecki e a jornada de trabalho.

Fazendo um estudo da dinâmica capitalista de Kalecki deparei-me com um achado deveras interessante.
Ao estudar as formas de distribuição de renda, Kalecki demonstra que no longo prazo e tendência é de que a produtividade aumente, fazendo com que os salários subam. Até aí ok, há uma lógica estabelecida, mas o que me interessou foi o segundo momento, ou seja, como há um crescimento da produtividade a longo prazo levando a um aumento nos salários, chegará um momento que os trabalhadores poderão rever as suas escolhas entre lazer e trabalho. Ou seja, os salários estarão num patamar ideal, num ponto em que o aumento da produtividade resultará em diminuição da jornada de trabalho.
Conclui-se que quanto maior a produtividade, maior é a possibilidade de se visualizar um salário ideal e uma redução na jornada de trabalho.
É claro que tudo isso não leva em conta o aumento da competitividade mundial, que faz com que o aumento da produtividade resulte em queda do preço (ou não) buscando conquistar mais mercados, fazendo com que os salários e a jornada de trabalho permaneçam os mesmos.
Mesmo assim, se levarmos em conta que a produtividade está crescendo num ritmo acelerado, pode-se inferir que esta produtividade venha resultar em bem-estar ao trabalhador após a queda de preços, desde que isso aconteça a nível agregado, uma vez que a queda de preço está diretamente relacionada com o aumento no salário real.