segunda-feira, julho 31, 2023

Nas universidades todos os professores são esquerdistas!

Não. Nas universidades há cientistas. Para ser cientista é preciso muito estudo e dedicação. No caminho do aprendizado, o cientista vai desenvolvendo seu viés ideológico a partir de suas próprias percepções e pesquisas. Na universidade, ele aprende métodos de pesquisa que não têm viés ideológico, ou seja, métodos científicos. A partir dos estudos, o cientista define o que é prioridade e o caminho a seguir. Há cientistas de direita e há cientistas de esquerda. E há cientistas que são apenas cientistas, mas que as outras pessoas o rotulam de esquerda ou direita. Agora, o número de bolsonaristas entre os cientistas é mínimo. Sabe porquê? Porque cientistas sabem a diferença entre ciência e crença. A ciência é um método de investigação que busca compreender o mundo natural a partir de evidências empíricas. Ela é baseada na observação, na experimentação e na análise de dados. A crença, por outro lado, é uma opinião ou convicção que não é baseada em evidências. Os cientistas são treinados para serem objetivos e imparciais em suas pesquisas. Eles devem evitar que suas crenças pessoais interfiram nos seus resultados. Isso é importante porque a ciência deve ser baseada em fatos, e não em opiniões. Espero que um dia as pessoas que se dizem bolsonaristas possam perceber que estão no caminho errado. O ódio é uma emoção negativa que só traz prejuízos para todos. Para a pessoa que odeia, para sua família, para seus amigos e para a sociedade. O ódio leva à violência, à discriminação e à exclusão. Ele destrói relacionamentos e comunidades. Ele torna o mundo um lugar mais dividido e hostil. As pessoas que odeiam se alimentam do ódio ao próximo. Elas ficam o dia inteiro procurando motivos para odiar. No geral, quando se é bolsonarista, o mote para odiar é xingar todos que não são bolsonaristas. Como se todos estivessem errados e só ele está certo. Elas se alimentam de informações de outros bolsonaristas e espalham estas informações para todos os conhecidos. Elas não analisam se a informação é verídica, se ela ofende outros ou se ela é carregada de ódio. Quando o ódio é o principal motivador, é necessário repensar se você está no caminho certo. Se você está afastado de pessoas de seu convívio devido a política, repense. Será que é bom ficar longe de pessoas que você conhece a longo tempo e que tem boas lembranças só por causa de ódio? Se você está afastado de pessoas de seu convívio devido a política, comece a repensar sua posição. Pergunte a si mesmo se vale a pena sacrificar relacionamentos importantes por causa de divergências políticas. Não é preciso concordar com todos para se dar bem. É possível ter conversas respeitosas e civilizadas com pessoas que têm opiniões diferentes das suas. A vida é muito curta para se viver de ódio. Escolha ser feliz e viver uma vida plena.

segunda-feira, setembro 26, 2022

Cadê o trabalhador que estava aqui?

A pandemia do coronavirus acelerou o processo de desaparecimento do trabalhador tradicional, servil ao patrão em troca de um salário. Com o isolamento na pandemia muitos trabalhadores foram demitidos e tiveram que se tornar “empreendedor” (entre aspas porque a maioria deles não tinha planos para tal ou não tinham interesse em largar a segurança de um empregos com direitos assegurados por lei) para poder conseguir algum tipo de renda frente a falta de vagas no mercado de trabalho. Há também um outro movimento: dos trabalhadores que tiveram que se adaptar à rotina do trabalho remoto. Este aprenderam novas tecnologias e formas de fazer o trabalho presencial se tornar optativo. Ao serem chamados a voltar ao trabalho presencial com todas suas consequências como abandonar rotinas estabelecidas em sua casa com o trabalho remoto, enfrentar horas de trânsito com perda de tempo fazendo o trajeto de ida e volta ao trabalho, os trabalhadores resolveram buscar outras alternativas no mercado de trabalho. Alguns economistas têm ressaltado que o Brasil encontra-se próximo do pleno emprego em 2022. Ao analisar os números e encontrar a taxa de desemprego abaixo de 9% o próprio presidente do BC ressaltou no “perigo” da alta nos preços pois o Brasil aproxima-se da taxa de pleno emprego…. Me parece que o BC não consegue pensar além dos números e do gráfico IS-LM (utilizado nas Ciências Econômicas para simular impactos de políticas fiscais e monetárias sobre o PIB). Mas o que vem a ser a tal taxa de pleno emprego? Ela deve ser entendida como o emprego dos fatores de produção, trabalho e capital, em sua plenitude em determinado período de tempo. Trocando em miúdos, significa que a economia está aquecida e não há trabalhadores no mercado para assumirem as vagas de emprego disponibilizadas. Em casos dessa magnitude começa surgir um problema considerado sério para o BC: aumento generalizado de preços, a “famigerada” inflação (entre aspas, pois não há consenso se a inflação é de toda ruim para a economia). O processo para aumento de preços é o seguinte: Com o pleno emprego fica difícil encontrar trabalhadores disponíveis no mercado. Então é necessário atrair trabalhadores de outras empresas para assumir a vaga. Este processo causa aumento nos custos de produção pois para contratar o trabalhador que está em outra empresa é preciso pagar salários mais altos, gerando repasse do aumento para os preços. Também há aumento na demanda por bens e serviços devido ao aumento na renda advinda dos ganhos salariais. Se a oferta não acompanhar a demanda, há a chamada inflação de demanda. Voltando à questão inicial sobre o mercado de trabalho: a falta de trabalhador disponível é levantado por meio de pesquisa do IBGE. A metodologia, basicamente, envolve ir ao campo e perguntar para pessoas se elas estão trabalhando ou não. Caso ela esteja trabalhando, mesmo que seja um trabalho informal, tipo bico, ela será classificada como empregada. Só é classificada como desempregada as pessoas que declararem que estão à procura de emprego. A pesquisa não reflete se os empregos são formais ou informais e se há pessoas desalentadas, isto é, deixaram de procurar emprego. O cenário de vagas em aberto é mundial, reflete uma nova concepção de emprego, com mais desafios e melhores rendimentos. O trabalhador atual se depara com novas oportunidades, quer seja na empresa concorrente, no trabalho autônomo ou até mesmo, no trabalho informal. A análise econômica tradicional não consegue captar este novo movimento, com isso, não consegue fazer uma análise que reflita o futuro do trabalho.

quinta-feira, agosto 25, 2022

Acumulação primitiva do capital

Karl Marx define a acumulação primitiva do capital como os recursos advindos principalmente da exploração das américas. As grandes navegações aumentaram o volume de comércio na Europa por meio de compra de especiairias e principalmente com a chegada de ouro levado das Américas. O aumento do volume de riqueza levou a necessidade de aumento da produção de bens e de serviços. A forma de produção existente não dava conta da demanda, elevando os preços locais. Para aumentar a disponibilidade de produtos e serviços foi necessário mudar a forma de produção, passando do modo artesanal para o modo industrial. No modo industrial o trabalho é pago por meio de salários, gerando assim, a extração da mais valia relativa e absoluta. O sistema capitalista é baseado na produção industrial que emprega mão de obra assalariada. O emprego do termo "acumulação primitiva do capital" em contextos diferentes não reflete a concepção dada por Karl Marx. Não se pode dizer que expropriação de terras dentro do sistema capitalista seja percebida como acumulação primitiva do capital uma vez que o sistema capitalista foi concebido a partir da acumulação primitiva.

terça-feira, maio 04, 2021

A forma de alienação em Marx

 

Reconheço apenas uma forma de alienação nos escritos de Marx. Não concordo que alienação seja sinônimo de exploração. 

A alienação em Marx se dá pelo uso da força de trabalho conforme “contrato” feito no mercado em que encontram capitalistas e trabalhadores. O primeiro detém os meios de produção e o segundo detém a força de trabalho. Ainda temos uma grande leva de trabalhadores que são explorados devido à alienação de sua força de trabalho. Principalmente em relação ao trabalho de baixa qualificação em que funciona o método fordista de produção.

 Há também a exploração mais aprimorada em que o trabalhador qualificado é alienado. Essa forma é mais sutil e perversa. Ela explora o lado material e imaterial da força de trabalho, leva a um aumento da mais-valia absoluta devido ao uso das Novas tecnologias da Informação. Neste grupo não há tempo de trabalho de não trabalho definido, tudo torna-se “líquido” como dizia Bauman. Por fim, temos também a alienação que é aceita de forma explícita, em que o trabalhador não é explorado. Trata-se de um grupo reduzido de trabalhadores que detém o conhecimento e técnicas exclusivas. Com tal submetem o capitalista a horários e prazos planejados pelo trabalhador. Mas esta classe de trabalhador ainda é reduzida e desorganizada, pode se dizer até que não se sentem como trabalhador embora vendam sua força de trabalho.

 Os demais conceitos de alienação parece-me que são variações para explicar outras situações que semelhantes. Mas que não estão nos escritos de Marx.

terça-feira, maio 19, 2020

Reconfiguração dos espaços comerciais em tempos de pandemia




Os espaços comerciais devem ter modificações devido à necessidade de se evitar aglomerações.
Nesse sentido, há de se evitar lotaçao máxima, o que leva a uma diminuição do faturamento.
A diminuição do faturamento devido a queda nas vendas leva a demissão de trabalhadores.
Por isso é necessário politicas públicas para trabalhadores e empregadores
No caso de empregadores, o governo deve criar programas de crédito que ofereça sustentabilidade ao negócio no médio prazo. Precisa promover linhas de créditos especiais que sejam efetivas no atendimento da parcela necessitada. Atualmente há linhas de crédito especiais para pequenas e médias empresas, mas o nível de exigencia e a burocracia fez com apenas 4% dos recursos tenham sido disponibilizado.
Pelo lado dos trabalhadores, também já há algumas medidas adotadas, mas que muitas vezes esbarra na burocracia e expõe o trabalhador a aglomerações em filas de banco.
Por fim, há políticas de fomento e de auxílio, mas é necessário azeitar a máquina pública para que estes recursos cheguem a quem mais precisa.

terça-feira, novembro 22, 2016

A PEC 55 e os prejuízos para a Educação pública


A PEC é uma proposta de emenda constitucional que visa congelar gastos por vinte anos do Ministério de Educação, dentre outros. Vamos imaginar que a Educação pública seja uma criança: No decorrer do tempo com seu desenvolvimento a criança vai tendo necessidades que precisam ser cobertas por gastos da família. Se no início gastava-se com fraldas, com o decorrer do tempo suas necessidades irão aumentar. As necessidades aos 15 anos são bem diferentes das necessidades iniciais da criança. Agora imagine que a família resolva congelar os gastos e apenas corrigir pela inflação do ano anterior. Se a família gastava R$150,00 por mês no início, com certeza este custo real deve aumentar para o dobro aos 10 anos, ou seja, R$300,00/mês. Estamos falando de custo real, sem levar em conta a inflação no período, ou seja os R$150,00 não serão suficientes para sustentar o adolescente de 15 anos.
A PEC se propõe a fazer isso com setores sensíveis de assistência ao povo brasileiro, ou seja, vai congelar gastos em educação e saúde por vinte anos.... vinte anos!
Esta medida não encontra justificativa em uma análise econômica: A teoria econômica tem três grandes linhas teóricas: Neoclássica, Keynesiana e Marxista, e nenhuma dessas linhas defendem a ideia de corte de gastos em áreas sensíveis. Por exemplo: A teoria neoclássica defende menos intervenção governamental na economia e equilíbrio nas contas públicas. Mas isso não significa menos gastos em Educação e saúde, significa que é preciso arrecadar o suficiente para manter o papel desempenhado pelo Estado quanto às obrigações nacionais. Não há nenhum país no mundo que pratica política econômica puramente neoclássica.
A teoria Marxista desenvolve um raciocínio baseado nos conflitos de classe. Também não há, até o momento nenhum país que adote uma política que vise a diminuição desse conflito sem que esbarre no tolhimento da liberdade.
A teoria Keynesiana estuda o comportamento das variáveis macroeconômicas como taxa de juros, taxa de câmbio, emprego, PIB e inflação. A teoria denota que em tempos de crise é necessária intervenção governamental para que a economia volte a crescer. Neste sentido, esta teoria prescreve que o governo deve aumentar seus gastos, incorrendo em déficits, para aumentar o volume de atividade econômica por meio de grandes obras, como construção de hospitais, escolas, estradas, portos, etc. A partir do aumento de gastos do governo ocorre o chamado efeito multiplicador, explicado pelo círculo virtuoso que se inicia pelo gasto do governo, que cria empregos em determinadas áreas, com o aumento do nível de emprego aumenta-se a renda dos trabalhadores, o que leva a aumento na demanda por bens. Quando aumenta-se a demanda por bens, os empresários tendem a aumentar seus investimentos, contratando mais trabalhadores, que por sua vez, alimenta o círculo virtuoso.
Esta teoria foi aplicada a políticas governamentais principalmente entre os anos 1950 e 1970. Mas até hoje ela utilizada por todos os países para arrefecer crises.
No caso da PEC, ela não encontra respaldo teórico na Economia, mas é possível estimar um cenário a partir de sua aplicação: O Brasil está em meio a uma grande crise econômica delineada por inflação acima de 10% ao ano, taxa de juros SELIC de 14,25% ao ano, queda no PIB, taxa de câmbio volátil, crescente desemprego e déficit fiscal.
Agora no final do anos de 2016, alguns números começam a se alterar: a inflação começou a cair, provavelmente fechará o ano em torno de 8%. A taxa de SELIC também está com viés de queda. Normalmente, em um cenários desses, já espaço para melhorias econômicas sem precisar de nenhuma magia (entenda-se políticas econômicas heterodoxas – que nunca foram tentadas em nenhum lugar do mundo, tipo Plano Cruzado na década de 1980). Neste cenários, com arrefecimento da taxa de juros, já há uma melhoria nas expectativas empresariais com aumento dos investimentos no setor produtivo. Estes investimentos tendem a diminuir a taxa de desemprego, aumentando a renda em circulação e a arrecadação do governo. Além disso, favorece o pagamento do chamado serviço da dívida, ou seja a parcela da dívida referente ao pagamento de juros.
Neste sentido, não nenhuma razão econômica para medidas radicais como a PEC 55.
Caso a PEC seja aprovada, a Educação pública viverá um processo de sucateamento, uma vez que os gastos não poderão ser aumentados conforme a demanda da população, ou seja, não será possível abrir novos cursos para atender o crescente aumento de novos nichos de mercado profissional. Com o decorrer do tempo, ficará mais difícil conseguir vagas em creches, escolas e universidades. Além disso, há a possibilidade de diminuição da qualidade do ensino pela falta de aquisição novos materiais e equipamentos didáticos. Mesmo que haja recursos para construção de novos espaços, não haverá recursos para manutenção (energia elétrica, água, servidores...)
Por outro lado haverá aumento na demanda por educação privada, a qual, com certeza terá políticas governamentais de subsídios.
O cenário que teremos, é que em vinte anos a educação pública esteja totalmente sucateada e o setor privado assumirá o papel de oferecer educação subsidiada pelo governo.
A grande questão: a economia melhorará com a PEC 55?
Não. O processo que leva ao crescimento econômico passa necessariamente pela qualificação dos trabalhadores para que haja aumento de produtividade e desenvolvimento de novas tecnologias e produtos. Foi o que fez, por exemplo, a Coreia do Sul. Com a PEC, teremos a quebra de empresas que forneciam serviços e produtos para o setor público, dado que não haverá expectativa de crescimento nestes setores, o que vai elevar o nível de desemprego.
Por que a PEC está sendo aprovada pelos políticos?
Está sendo aprovada como moeda de troca, o governo prometeu, dentre outras coisas, o aumento das verbas destinadas aos deputados e senadores. Ou seja, tira-se de setores como educação e saúde e distribui para que os políticos possam utilizar as verbas da forma que acharem mais conveniente. Um retrocesso em termos de planejamento econômico para o país.
Não precisamos de PEC. Precisamos de políticas econômicas consolidadas, que levem ao crescimento com maior distribuição de renda, educação e saúde para todos os brasileiros.

quinta-feira, junho 23, 2016

O que é valor?

O  valor é criado a partir do trabalho. Um exemplo claro da criação de valor parte do princípio de que a natureza pode oferecer formas de atender todas as necessidades. O valor surge a partir da criação de mercadorias que possam saciar as necessidades prementes do ser humano. Para tal, é necessário esforços a fim de obter as mercadorias úteis para se manter vivo.
É preciso distinguir valor de uso e valor de troca.
Valor uso se refere a uma relação do tipo M-D-M (mercadoria-dinheiro-mercadoria), na qual o trabalhador produz a sua mercadoria e vende para obter uma outra outra mercadoria de seu interesse. O trabalho para reproduzir determinada mercadoria é cristalizado pela transformação dos fatores de produção em bem final. A mercadoria adquire preço maior do que os insumos aplicados, esse valor é quantificado a partir do tempo de trabalho aplicado no processo de produção. De modo geral, podemos afirmar que o valor é resultado do trabalho aplicado no transcorrer da produção da mercadoria. Sem trabalho não há criação de valor.
O valor de troca só é visível em mercadorias que tem valor de uso.